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Enfermagem cruza os braços por 24h na luta pelo Piso Salarial; ato em Brasília reuniu milhares no Congresso

Publicada em 22 de setembro de 2022

Fotos e texto: Pedro Vinícius/ASCOM SindEnfermeiro

A Enfermagem brasileira acordou ontem (21) com um único objetivo: lutar por dignidade. Durante 24 horas, grande parte dos mais de 2 milhões de trabalhadores da categoria cruzaram os braços em todo o país, e dezenas de movimentos foram às ruas pela aplicação da Lei do Piso Salarial para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares e parteiras.

E no Distrito Federal, mesmo com a decisão que atrapalhou a participação dos trabalhadores da rede privada, milhares de trabalhadores da enfermagem ocuparam durante a manhã o gramado do Congresso Nacional empunhando faixas, bandeiras e cartazes, mas principalmente, entoando os gritos de uma categoria que aguarda há mais de três décadas por valorização.

Também foram registradas mobilizações em frente às unidades de saúde da rede pública, em todas as cidades do DF. Cerca de 70% dos servidores da enfermagem aderiram à paralisação. De maneira mais tímida, porém fundamental, algumas unidades da rede privada também se mobilizaram, mas não foi possível prever um quantitativo exato de adesão.

Enfermagem reconheceu seu poder

Para o presidente em exercício do SindEnfermeiro-DF, Jorge Henrique, “o dia 21 de setembro representou mais um momento histórico da enfermagem na luta pelo piso salarial. Atendemos ao chamado do Fórum [Nacional da Enfermagem], e os sindicatos da enfermagem de todo o país convocaram as paralisações com o objetivo de pressionar os poderes – não só o STF – por uma solução imediata em relação às fontes de custeio do Piso”, afirmou.

Jorge tambem ressaltou que o grande mérito das movimentações vem da própria enfermagem, que está cada vez mais consciente e organizada em prol das suas reivindicações.

“A categoria já vinha se mobilizando desde que o Piso foi suspenso pelo STF – e partiu dela a demanda da paralisação. É muito importante ver que os trabalhadores estão pautando as lutas e cobrando discussões por parte das entidades, pois isso significa que cada vez mais a enfermagem está politicamente consciente do seu poder”, completou.

Piso é dignidade

A diretora Ursula Nepomoceno fez uma reflexão sobre a situação da enfermagem no país e fez um comparativo entre a realidade enfrentada nos grandes centros e no interior, como forma de ressaltar a importância do Piso.

“Nós precisamos deixar bem claro que a luta pelo Piso é uma luta por dignidade. A situação da enfermagem é difícil em todo o país, mas algumas realidades são muito mais complicadas que outras – e pra isso, basta pensar por exemplo nos enfermeiros e técnicos de municípios afastados ou regiões onde as políticas públicas não estão conseguindo alcançar”.

“Se na capital do país muitos profissionais – especialmente da rede privada – recebem salários que não condizem com o valor da enfermagem, então qual é a realidade de um enfermeiro que trabalha no interior do país, às vezes tirando o pouco dinheiro que tem do próprio bolso para poder continuar prestando a assistência?”, questionou.

Busca por definição no Legislativo é reflexo da luta

A avaliação da diretora Nayara Jéssica é de que as mobilizações em torno do Piso estão surtindo efeitos práticos, já que nas última semana ocorreram movimentações por parte do Senado para discutir a situação das fontes de custeio, e sinalizou que a próxima semana pode trazer respostas concretas para o impasse.

“Toda essa movimentação nas últimas semanas já está gerando reflexos positivos na nossa luta – tendo em vista as recentes reuniões e sinalizações positivas do Legislativo, especialmente do Senado. Durante a última semana foram discutidas alternativas como as chamadas emendas secretas ou o remanejamento de recursos não utilizados no combate ao coronavírus. É muito importante ver que estamos nos fazendo ser ouvidos”, pontuou.

Desdobramentos das mobilizações

No início desta semana, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) convocou reunião do Colégio de Líderes da casa com o objetivo de discutir as fontes de custeio para o Piso Salarial da Enfermagem.

Entre as medidas que foram apontadas, estão os projetos que vão permitir os contribuintes a atualizarem os valores do patrimônio no Imposto de Renda com alíquotas menores ou repatriar recursos do exterior; repasses direitos da União para hospitais filantrópicos ou Santas Casas e outros que tratam do repasse do excedente do pré-sal e da exploração da energia eólica.

De acordo com o relator do Orçamento para o ano de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), há a intenção de que o projeto complementar que permite aos estados e municípios realocar recursos recebidos para o combate à covid-19 possa ser votado e aprovado já na próxima semana. Com isso, os entes federados poderiam prosseguir com a implementação do piso.