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Em ato na UBS 1 de Vicente Pires, Enfermagem protesta contra violência em unidades de saúde

Publicada em 4 de outubro de 2021

Na manhã da última sexta (1º), enfermeiros e servidores da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, em Vicente Pires, se uniram em ato em solidariedade às duas profissionais de enfermagem agredidas nos últimos dias, e para protestar contra a violência nas unidades de saúde da rede pública.

Cerca de 30 profissionais participaram do ato organizado pelo SindEnfermeiro-DF, que também contou com a participação de outras entidades de classe, ativistas dos direitos das mulheres, além do Conselho de Saúde do DF.

Com cartazes e faixas pedindo por mais segurança, bem como a punição do agressor, os profissionais ocuparam o saguão de entrada da UBS, sem causar qualquer prejuízo aos serviços da unidade – visto que os próprios manifestantes orientavam e conduziam os pacientes aos locais de espera por atendimento.

Ao final da mobilização, os trabalhadores se dirigiram para a frente da casa do agressor para exigir punição com cartazes, apitos e balões – sob gritos de “covarde”. Alguns cartazes pediam a rescisão do contrato de locação do imóvel da UBS, de propriedade do agressor.

Trabalhadores estão vulneráveis

A presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, ressaltou que o drama da insegurança nas unidades de trabalho faz com que os profissionais – sobretudo as mulheres – trabalhem numa rotina de medo.

“Quando uma pessoa é agredida, a agressão vai muito além do dano físico e psicológico para ela. Os próprios colegas acabam por não se sentirem mais seguros em seu local de trabalho, e já faz tempo que nós, mulheres, não nos sentimos seguras para trabalhar”, afirmou.

Dayse também lembrou a importância do ato no sentido de mostrar que as agressões contra trabalhadores da saúde são rotina há muito tempo, mas que as investidas contra a integridade física dos servidores estão cada vez mais frequentes – sendo que muitas dessas manifestações partem de homens contra mulheres, evidenciando um machismo que ainda insiste em tentar se impor.

“Este ato foi a forma que encontramos para mostrar aos gestores e para a sociedade o quanto nós, trabalhadores da saúde, estamos vulneráveis – principalmente com o estado de caos em que a saúde do DF se encontra. Diariamente, a enfermagem sofre por estar na linha de frente com assédios e xingamentos, mas nos últimos tempos está acontecendo uma escalada de agressões físicas por parte dos pacientes – que muitas vezes estão cansados e frustrados com a espera por atendimento. Mas sabemos que nesse e em tantos outros casos está presente o machismo, vindo de alguém que julga ser dono da unidade por ter relações com a Secretaria [de Saúde]”, afirmou.

Agressão também atinge população

A presidente do Conselho de Saúde do DF, Jeovânia Rodrigues, em fala durante o ato, ressaltou que, além do prejuízo físico e psicológico sofrido pela enfermeira, a agressão também pode trazer problemas para toda a comunidade, já que a quantidade de servidores é insuficiente para cobrir todas as demandas dos pacientes.

“O que aconteceu aqui também prejudica o usuário, pois a enfermeira obviamente vai precisar de afastamento por conta da lesão corporal sofrida, e com a ausência dela a equipe – que já é pequena – vai ficar ainda mais sobrecarregada”, finalizou.

O SindEnfermeiro ressalta, por fim, sua posição na defesa de melhores condições de trabalho para a enfermagem, e afirma que está providenciando todas as medidas cabíveis na forma da lei através de seu departamento jurídico, estando ainda à disposição da profissional para todo o acolhimento e orientação necessários.