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Quando ser enfermeira é um sonho que nem mesmo o câncer consegue parar

Ana Cristina Gualberto da Silva, de 45 anos, é a primeira a receber o título de enfermeira honorária no Brasil

Publicada em 24 de janeiro de 2020

A técnica em enfermagem Ana Cristina Gualberto, 45 anos, recebe o título de enfermeira honorária das mãos do presidente do COREN-DF, Marcos Wesley (Foto: COREN-DF)

Na tarde da última quinta (23), o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (COREN-DF) esteve no Hospital de Apoio de Brasília (HAB) para conceder o título de “enfermeira honorária” à Ana Cristina Gualberto da Silva, técnica de enfermagem de 45 anos que cursava o último semestre de enfermagem e hoje luta contra um câncer no pâncreas em estado terminal. No ato, também estiveram presentes os diretores do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF), Ana Catarine Carneiro e Adriano Limírio.

Ana Cristina, que já havia trabalhado como técnica de enfermagem estava prestes a realizar o sonho de se formar como enfermeira. No entanto, como diagnóstico do câncer, foi obrigada a abandonar a faculdade no oitavo semestre.

A hoje enfermeira honorária, vem realizando acompanhamento na ala de cuidados paliativos do HAB, bem como sessões de terapia para ajudar a amenizar a dor de uma situação tão sensível. Porém, em um desses encontros com a terapeuta, ela confessou que o sonho de se tornar enfermeira ainda estava vivo.

O diretor Adriano Limírio entrega kit do SindEnfermeiro para a enfermeira honorária Ana Cristina Gualberto (Foto: COREN-DF)

A psicóloga em questão entrou em contato com Ana Catarine, que se sensibilizou com a causa, e realizou o intermédio entre a estudante e o COREN-DF – que decidiu conceder a honraria, até então inédita no Brasil. O presidente do conselho, Marcos Wesley, afirmou na ocasião que a titulação de Ana Cristina foi dada porque “nunca é tarde para se realizar um sonho”.

A diretora do SindEnfermeiro afirma que esse foi um pedido inusitado, mesmo para quem trabalha com os cuidados paliativos e está acostumado a lidar com os últimos pedidos de alguém. “Um dos objetivos de quem trabalha com esse tipo de assistência é tentar compreender quais são os desejos daquele paciente, e tentar de alguma forma realizá-los. É comum que pessoas queiram voltar para a casa de seus parentes em outro estado, ou realizar casamentos, por exemplo. Mas esse foi o primeiro pedido de formatura que eu vi”, conta.

Para Ana Catarine, um dos momentos mais importantes da cerimônia foi o juramento da estudante – rito realizado no ato de recebimento da titulação. “Enquanto a Ana Cristina realizava o juramento dela, sabia a importância que esse momento tinha para ela, mas ao mesmo tempo me emocionei quando percebi que ao realizar o sonho dela, também estava cumprindo o meu juramento de enfermeira”.