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Carta de repúdio aos atos do governador do Distrito Federal

Publicada em 19 de junho de 2017

Circula, na internet, vídeo em que o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, ataca sindicatos. No vídeo, Rollemberg nos responsabiliza pelo caos atual do sistema de saúde do DF. Na filmagem, realizada durante entrega de escritura de imóveis, no Sol Nascente, Rollemberg aproveita-se da humildade e da necessidade dos moradores da região – que estão ali na tentativa de garantir que suas casas não sejam derrubadas pela AGEFIS -, e inflama os presentes contra os sindicalistas: A velha tática eleitoreira e coronelista de “dar lotes” para garantir a eleição futura.

Rollemberg diz nunca ter sido procurado pelos sindicatos para discutir melhorias para a saúde da população e que os sindicalistas só o procuram em busca de benefícios próprios. Mentira! Por diversas vezes, os sindicatos procuraram os secretários de Saúde e da Casa Civil, Humberto Fonseca e Sérgio Sampaio, além do próprio governador, para discutir a organização do sistema de saúde, em busca de melhor acesso e de condições dignas para população trabalhadores do Distrito Federal.

Vamos deixar algo muito claro aqui: em quase 3 anos, o governador nunca recebeu os sindicatos para conversar sobre a saúde do DF. Nunca. Sempre servimos à secretaria de saúde. Conhecemos os problemas e gargalos criados pelo governo para que o sistema não funcione. Sempre fomos enfáticos ao lembrar que o principal problema é a gestão. E quem é o principal responsável pela gestão da saúde do Distrito Federal se não o GDF?

Cabe lembrar que o sindicato não busca benefício próprio. Somos uma instituição que representa a classe mais vulnerável da relação de trabalho: o trabalhador. No caso de nós, sindicato da saúde, protegemos servidores que lidam, diretamente, com a vida do cidadão. Portanto, quando travamos uma luta por melhores condições de trabalho e por melhorias no sistema, consequentemente, estamos lutando pelo direito do cidadão de ter acesso igualitário e digno à saúde.

Rollemberg chega ao cúmulo de dizer que sindicalistas recebem sem trabalhar. Mentira! A grande maioria dos diretores permanecem em suas atividades laborais normais e, nas horas vagas, deixam o convívio com família e amigos, para lutarem por melhores condições de trabalho e de atendimento aos servidores e pacientes. Em geral, menos de 10% dos diretores sindicais são dispensados de suas atividades para representar sua categoria.

O sindicalismo é o pleno exercício da participação social dos trabalhadores, na saúde oferecida ao cidadão. É o dirigente sindical que representa todos os trabalhadores da saúde esmagados, por anos, pela incompetência administrativa de diversos governos, assim como a do atual. São esses dirigentes sindicais que colocam a “cara à tapa” para enfrentar os desmandos do governo, sofrendo perseguições e retaliações, hoje e no futuro.

Rollemberg afirma que os sindicatos estão nadando em dinheiro. Mais uma mentira! Desde o início de seu governo, Rollemberg busca, de todas as formas, minar as forças dos sindicatos e associações de trabalhadores do DF, confiscando recursos financeiros dos trabalhadores e não repassando aos sindicatos.

O governador acusa sindicatos de serem contra a criação do Instituto Hospital de Base por não terem compromisso com a população. Enaltece facilidades na compra de medicamentos e materiais, equipamentos e substituições de servidores, mas não fala dos vícios embutidos no projeto que entrega o maior hospital do Centro-Oeste a empresários por 20 anos. Isso mesmo, 20 anos. O patrimônio dos brasilienses entregue aos parceiros de Rollemberg para ganharem e fazerem mais fortuna, por 20 anos.

E não se engane! O Instituto Hospital de Base não atenderá a todos. Na privatização, tudo é feito por contrato. Ou seja, se forem contratados 100 mil atendimentos de cardiologia, por exemplo, o paciente 101 mil não será atendido. Ponto. Porta fechada.

Além disso, na mídia há uma enxurrada de denúncias de modelos de privatização na saúde, em diversos estados, como Rio de Janeiro, Maranhão e Goiás, onde os donos das empresas – amigos de governadores, prefeitos, deputados e vereadores – ficaram milionários, da noite para o dia, e os serviços de saúde só pioraram. Privatizar a saúde é fazer dela um “cabide de empregos”. É gerar acesso preferencial de atendimento a privilegiados.

Com mais de 80% de reprovação e popularidade menor que 8%, diante da população do DF, citado em denúncias da JBS, Rollemberg tenta, desesperadamente, aprovar a venda do Hospital de Base. E venda seria uma saída para pagar dívidas de campanhas passadas e uma tentativa de arrecadar fundos para a campanha de 2018? Estão aí algumas das perguntas que perturbam os verdadeiros brasilienses.

Por onde se anda em Brasília, o comentário é o mesmo: “em quase 3 anos, Rollemberg não fez nada pela cidade”. E não adianta culpar os sindicatos por isso. Sua reprovação e impopularidade vem da sua forma incompetente de governar.

Sem a menor habilidade para dialogar, Rollemberg ignora os diversos atores que precisam estar envolvidos nos principais problemas da cidade. O governador, constantemente, impõe sua vontade, sem discutir soluções com Legislativo, Judiciário, Conselho de Saúde, trabalhadores e, principalmente, população. Isso tem se repetido em todas as áreas do DF. Na segurança, na educação…

Rollemberg tropeça nas próprias mentiras. Há meses, o GDF vem atrasando pagamentos a fornecedores e prestadores de serviços. Empresas terceirizadas de segurança, limpeza e alimentação suspendem, constantemente, suas atividades, por falta de pagamentos, e pacientes internados já ficaram sob ameaça de não receber suas refeições, por exemplo.

É por tudo isso que somos sim, contra a venda do Hospital de Base. Somos contra porque queremos uma saúde pública, que dê acesso a todos e que seja resolutiva em todos os níveis de assistência – desde os centros de saúde, até a mais alta complexidade. Somos contra a venda da Saúde do DF. Não seremos omissos ao ver o desvio de dinheiro do povo do DF – através de propinas e caixas 2 – para o bolso de empresários inescrupulosos. Somos todos usuários do Sistema Único de Saúde e queremos, não só ele, mas todas as unidades de saúde, abertos e disponíveis a toda população do Distrito Federal.

O Base é do povo e do SUS!

Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF)