O Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal vem por meio desta nota, expressar seu repúdio à reportagem da Rede Globo sobre o caos da saúde em Ceilândia, divulgada na última semana. Durante a matéria fomos surpreendidos pela fala da repórter que menosprezava o atendimento dos enfermeiros nos Centros de Saúde. Ao entrevistar uma usuária informou que “o caso dela foi ainda pior: foi atendida e medicada por um enfermeiro”, mostrando o desconhecimento da paciente e, o mais grave, da repórter sobre a atuação do profissional enfermeiro.
Ao paciente respeitamos seu desconhecimento, mas da repórter que deveria ter conhecimento sobre as informações que repassa é inaceitável que difame toda uma categoria profissional para direcionar sua reportagem.
É sabido que a saúde pública do DF passa por grandes dificuldades, que os pacientes encaram filas, esperam e nem sempre têm suas queixas atendidas. E isso vem de muito tempo. Na região Oeste, onde aconteceu o ocorrido é ainda pior, as Unidades Básicas de Saúde não têm gestores nomeados, estão sem gerentes e cada dia fica pior a resposta ao usuário.
Faz muito tempo que convivemos com o sub-dimensionamento de equipes de atenção primária que vem atendendo, em muitos casos uma área duas vezes maior que a prevista pelo Ministério da Saúde, além de na maioria dos casos não terem agentes de saúde, que são o elo entre equipe e comunidade. A superlotação das UBSs vem da falta de porta de entrada nas UPA e emergências, também superlotadas, mas a grande quantidade de pacientes moradores do Entorno que se identificam como moradores das áreas das UBSs em muitos casos por usarem endereços fornecidos pelos próprios moradores.
É preciso ter em mente que o hábito dos pacientes com o sistema anterior da APS sempre foi estruturado no atendimento médico e na medicação. No entanto, muitos reconhecem o trabalho dos enfermeiros, pois é o acolhimento centrado no enfermeiro que direciona o atendimento.
A atuação do enfermeiro na atenção primária é respaldada por protocolos que abrangem desde as ações programáticas do pré-natal, crescimento e desenvolvimento das crianças, acompanhamento de hipertensos e diabéticos até as mais variadas situações de urgência e emergência.
Sabemos que a saúde infelizmente é médico centrada, e se trata de um processo de aprendizado e de adequação tanto de profissionais, quanto de pacientes, para entender que todos os atendimentos devem ser iniciados na atenção básica, mas para isso precisamos de estrutura física e profissionais para um bom atendimento.
