Começou hoje, na Coordenação de Ensino de Planaltina , a 3ª Conferência de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Região Norte, com o tema “Direitos Humanos em Saúde”. O evento reúne especialistas, trabalhadores, representantes de sindicatos, instituições públicas e movimentos sociais para discutir os impactos do ambiente de trabalho na saúde física e mental dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras.
Durante o evento, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal, Jorge Henrique, participou de uma palestra e destacou a importância da participação social e do protagonismo dos trabalhadores na construção das políticas públicas de saúde. “A saúde do trabalhador nasce do conhecimento do trabalhador sobre sua própria realidade. É a partir da vivência e da escuta que conseguimos pensar em políticas públicas que realmente combatam o sofrimento e promovam o desenvolvimento social, político e científico do país”, afirmou.
Jorge Henrique também resgatou a origem da saúde do trabalhador como conceito herdado do movimento operário italiano, que defendia a participação ativa dos trabalhadores na formulação das políticas de saúde. Para ele, é fundamental integrar o conhecimento científico com o conhecimento vivido no chão de fábrica, nas unidades de saúde, nas escolas, no campo e em todos os espaços de trabalho.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também participou do evento e reforçou a importância de transformar o trabalho em um espaço de dignidade. “O trabalho não pode ser um local onde perdemos a capacidade de sonhar. Ele deve dignificar a nossa existência. Temos que ser movidos pelo prazer de desenvolver nossas atividades. É por isso que essa conferência é tão importante”, disse.
A precarização das condições de trabalho, impulsionada pelas novas tecnologias, a intensificação das jornadas e a exploração do tempo de vida dos trabalhadores também foram pautas abordadas pelos participantes. “Quando você compra algo, não paga com dinheiro, paga com o tempo da sua vida que teve que gastar para ter acesso ao dinheiro”, lembrou a assistente social Raimunda Nonato, parafraseando o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica. “Nosso tempo está sendo sequestrado em troca de um salário.”
Outro ponto forte da conferência foi a defesa de um Sistema Único de Saúde gratuito, estatal e de qualidade. Os participantes reforçaram que a participação popular é fundamental para sustentar e aperfeiçoar o SUS. “Ou pensamos a nossa sociedade como um projeto coletivo, com pressão popular e política pública, ou vamos assistir à sua destruição”, concluiu Jorge Henrique.
Após as falas, os participantes se reuniram em três grupos de trabalho para debater propostas práticas que busquem uma construção de políticas que respeitem os direitos humanos em saúde e enfrentem as desigualdades nos ambientes de trabalho.
As discursão serão levadas para a plenária e ao final do evento ocorrerá as escolhas dos delegados que representarão a temática na conferência distrital.
Camila Piacesi, jornalista