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[OPINIÃO] Uma enfermeira para a Reitoria: Novos tempos para a Universidade de Brasília (UnB)

Publicada em 20 de agosto de 2024

Professora Fátima Sousa recebe título de Cidadã Honorária do DF em cerimônia na CLDF. Foto: Pedro Vinícius/ASCOM SindEnfermeiro

Texto por Lígia Maria, doutoranda em Saúde Coletiva da UnB e professora voluntária do Departamento de Saúde Coletiva, no campus Darcy Ribeiro.

Nos dias 20 e 21 de agosto (hoje e amanhã), a Universidade de Brasília passará pela primeira etapa da consulta pública para a escolha das novas educadoras à frente da gestão, da defesa, da proteção e da qualificação da UnB. Pela primeira vez após a derrota de Bolsonaro nas urnas, a comunidade acadêmica da quinta melhor instituição de ensino superior da América Latina terá a oportunidade de escolher um projeto democrático, comprometido com a educação brasileira e com a formação interdisciplinar e equitativa de profissionais construtores das políticas públicas deste País.

É na Chapa 99 que este projeto de democracia, direitos e dignidade está em sua melhor expressão. Com a professora Fátima Sousa, da Faculdade de Saúde (FS), acompanhada pelo professor Paulo Celso, da Faculdade de Tecnologia (FT), a UnB pode receber novos ventos de cuidado, integração e aprimoramento. Além de um programa que expressa o compromisso com a Universidade, com os estudantes, com os técnicos administrativos, com os docentes e com todos os profissionais que compõem a comunidade acadêmica, bem como com a população que se integra ao ensino público através do tripé do ensino, da pesquisa e da extensão, existe, na Chapa 99, a possibilidade da identificação e do encontro de histórias de vida.

Maria Fátima Sousa, assim como muitos estudantes, técnicos e docentes, enfrentou desafios para acessar a educação e, através dela, transpôs barreiras para que mais de nós tivéssemos a oportunidade de crescer e mudar vidas. Jovem interiorana da Paraíba, Fátima encontrou na enfermagem o sentido do trabalho e um instrumento para a transformação da realidade. Viveu em república e atuou no movimento estudantil. Se lançou à Reforma Sanitária Brasileira com o compromisso e a competência do projeto social que significa, construindo o Sistema Único de Saúde (SUS) e atuando para a garantia dos direitos mais fundamentais do povo.

Sempre suscitando o questionamento se seria sua competência técnica atravessada por paixão ou sua paixão absoluta pela saúde enquanto instrumento de garantia de dignidade repleta de competência técnica, ambas as coisas transbordaram na marca histórica de uma enfermeira liderando a implantação de um programa referenciado mundialmente, essência da Atenção Primária à Saúde, por reconhecer a necessidade do enraizamento da política de saúde nos territórios – o Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Foi, inclusive, a Universidade de Brasília, através da integração entre o ensino, o serviço e a comunidade, uma das pioneiras na implantação de uma atenção primária à saúde que se preocupe com gente, esteja enraizada na comunidade e promova todos os direitos que constituem uma vida saudável. Encontro de histórias!

Dessa mesma forma, a comunidade acadêmica da UnB pode escolher, agora, uma educadora cujo compromisso irredutível com uma educação emancipadora direciona o olhar às potencialidades das pessoas que chegam a ela com a mesma inquietação que nutre desde a juventude. Conhecendo a fundo as dificuldades, mas, também e sobretudo, as potencialidades dos discentes, existe a chance de escolher para cuidar da UnB alguém que já foi experimentada em projetos ousados de agigantamento de direitos e dignidade: cuidar de gente e construir a base do maior sistema de saúde do mundo.

Se passou pelas repúblicas e casas universitárias; se veio do interior da Paraíba e enfrentou a xenofobia e a vulnerabilidade; se conhece de perto a vivência da população LGBT+ por não temer viver o amor; se compõe a maior categoria do setor saúde e colabora com as lutas coletivas para a valorização da enfermagem; se integrou diferentes atores e atrizes na estruturação de políticas públicas durante toda a vida, Fátima Sousa não deixa dúvidas de que a UnB pode ser cuidada por uma enfermeira que olhará para as necessidades de estudantes que dependem da assistência estudantil para sua manutenção, de técnicos administrativos que precisam de valorização e proteção para a execução de seu trabalho, de docentes que esperam oportunidades de exercício de suas expertises na promoção da ciência brasileira e na formação humana e profissional de milhares de pessoas que vivem a UnB. Quem ajudou a conectar os mais de 5 mil municípios brasileiros ao direito à saúde através dos agentes comunitários sabe o que fazer para integrar os campus da Universidade de Brasília e promover uma educação emancipadora, colaborativa e equitativa entre pessoas e territórios.

A Chapa 99 para a reitoria da UnB é escolha de quem enxerga na nova geração a continuidade da luta pela dignidade das pessoas e vê na educação a principal ferramenta para isso. Como diz Fátima Sousa, seu imperativo de vida é construir um território saudável, que permita a todas as pessoas serem felizes com unidade e afeto. É esse caminho que está diante da UnB. Para trilhá-lo, dias 20 e 21 a Universidade de Brasília pode escolher novos ventos, chapa 99!