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Após denúncias, Ação Conjunta Covid-19 vai ao HRT averiguar situação da unidade

Publicada em 31 de março de 2021

 

A Ação Conjunta Covid-19 esteve hoje (31) no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), para averiguar denúncias recebidas no início da semana, e acompanhar de perto as condições oferecidas pela unidade para o atendimento à população, bem como a disponibilidade de leitos, insumos para os profissionais e organização dos fluxos de atendimento.

Participaram da visita a presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio e o secretário-geral da entidade, Jorge Henrique, além de representantes do Coren-DF, Conselho de Saúde do DF, CRESS-DF, OAB-DF e outras entidades. A fiscalização visitou diversas alas do hospital, especialmente as áreas destinadas aos pacientes contaminados pelo coronavírus, além de observar a disponibilidade de insumos necessários ao trabalho dos servidores.

De acordo com denúncias recebidas pela Ação Conjunta, a unidade está sofrendo com a falta de pessoal – o que foi comprovado. Em um dos plantões deste semana, de acordo com servidores, um único enfermeiro ficou responsável pelo atendimento de 21 pacientes entubados e 100 internados. Além disso, foram destacados outros problemas como a falta de insumos e a superlotação do hospital.

Problemas começam na entrada e na infraestrutura

Os problemas da unidade começam já na classificação e área de acolhimento dos pacientes, onde o local para triagem só possui barreiras de acrílico e ar-condicionado funcional através da arrecadação de valores entre os próprios servidores, de forma improvisada. Além disso, a mesma equipe que realiza a triagem dos pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus, também cuida da triagem de todas as outras especialidades, como ortopedia, pediatria, oftamologia, ginecologia e a clínica médica – que no momento só atende pacientes com risco iminente de morte.

Durante a visita, foram observadas diversas irregularidades na estrutura física da unidade, como aparelhos de ar-condicionado gotejando, separação de alas de isolamento destinadas aos pacientes com coronavírus feita apenas com um tapume – além de estar localizada entre as alas de internação feminina, masculina e pediátrica de pacientes que não possuem o vírus.

A unidade, construída na década de 1970, nunca passou por grandes reformas estruturais, o que é evidenciado ao olhar para os buracos na forração do teto e outros vazamentos em toda a sua extensão. O ar-condicionado central do HRT, inclusive, está sem contrato para a manutenção das suas dependências há um ano.

Box de emergência não separa pacientes

Outro problema grave detectado no HRT diz respeito à área do box de emergência, que na teoria não deveria abrigar pacientes com suspeita de contaminação pelo coronavírus. Mas, de acordo com a presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, “recebemos relatos de que às vezes acontece de alguns pacientes irem direto para o box de emergência, e acabam ficando no mesmo local que outros pacientes internados em estado grave, mas sem o vírus”.

Insumos em níveis críticos, descarte irregular e gambiarras

A falta de equipamentos e os estoques críticos de medicamentos e insumos na unidade também se mostraram fatores preocupantes. Foram constatados casos de respiradores e monitores necessitando de manutenção – e portanto, parados. Em diversos setores, os enfermeiros e outros servidores não tinham acesso às máscaras do tipo N95 – recomendadas para o uso hospitalar.

Outro ponto observado foi o número de pontos de oxigênio compartilhados nas alas, onde dois e até três pacientes estão conectados pelo mesmo ponto. Nas alas de pronto-socorro e o box de emergência, faltam bombas de infusão e medicamentos sedativos, além de respiradores – o que significa que, naquele momento, se algum paciente necessitasse de um respirador, o equipamento teria que ser buscado em outra unidade, ou o atendimento nem poderia ser realizado.

A força-tarefa observou ainda indícios de descarte irregular dos insumos utilizados pelas equipes. Lixeiras abarrotadas de capotes usados, luvas e outros materiais – inclusive espalhados pelo chão da unidade, e o uso de insumos como luvas é controlado. Além disso, o sedativo midazolan só está disponível em ampolas de 3ml – e em níveis críticos, bem como medicamentos neurobloqueadores.

Risco sanitário

Na visita ao “Covidário 1”, uma das alas destinadas aos pacientes com coronavírus, foi observado que além da proximidade com alas de pacientes não contaminados, os infectados ainda precisam acessar um corredor de uso comum para chegar até os banheiros reservados a eles, que são sinalizados apenas com uma pequena placa ao lado. Mesmo assim, foram vários os flagrantes de pessoas não infectadas dividindo os mesmos banheiros, reforçando o risco de contaminação em massa na unidade.

Ao fim de cada visita, a Ação Conjunta Covid-19 fará um relatório detalhando a situação encontrada em cada unidade, encaminhando para os órgãos competentes e apontando as recomendações que devem ser seguidas pela instituição.