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Ação Conjunta Covid-19 visita HRBz para averiguar condições de trabalho dos servidores e de atendimento aos pacientes

Publicada em 17 de março de 2021

A Ação Conjunta Covid-19 esteve hoje (17) no Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), para averiguar de perto as condições oferecidas pela unidade para o atendimento à população, bem como a disponibilidade de leitos, insumos para os profissionais e organização dos fluxos de atendimento.

Participaram da visita a presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, e o secretário-geral Jorge Henrique, além de representantes da OAB-DF, CLDF e outras entidades. A fiscalização visitou diversas alas do hospital, especialmente as áreas destinadas aos pacientes contaminados pelo coronavírus, além de observar a disponibilidade de insumos necessários ao trabalho dos servidores.

Durante a visita, a situação encontrada na unidade foi considerada surpreendente pela força-tarefa. O hospital não possui pacientes aguardando pelos corredores, há insumos para os trabalhadores e inclusive novos equipamentos foram entregues para a unidade.

No entanto, após conversas informais com trabalhadores, foi relatado que a situação é bem diferente da encontrada na semana passada – onde o hospital encontrava-se saturado, e que as mudanças começaram a ser realizadas às pressas na última segunda-feira. Coincidentemente, na mesma data, a Ação Conjunta Covid-19 enviou ofício à Câmara Legislativa do DF solicitando a presença do presidente da casa, Rafael Prudente (MDB) na visita de hoje.

Nem a suposta tentativa de mascarar os problemas da unidade foram o suficiente para esconder graves irregularidades. De acordo com a presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, o dimensionamento da unidade é precário, e existem situações como a mesma equipe ter que realizar o atendimento aos pacientes contaminados graves no pronto-socorro e também fazer a classificação de risco dos pacientes sintomáticos.

Risco sanitário

Ainda na emergência, há apenas um banheiro, que é utilizado tanto pelos pacientes contaminados, pacientes com suspeita e também os servidores, e fica localizado no hall de entrada do pronto-socorro – gerando grande risco sanitário de propagação do vírus.

Além disso, na ala de internação para os pacientes contaminados – composta por clínica médica, cirúrgica, pediatria e a área de coorte, todos os pacientes estão sendo assistidos pela mesma equipe utilizando, inclusive, a mesma paramentação e equipamentos.

“Temos enfermarias que estão sendo atendidas pelos mesmos profissionais, usando inclusive as mesmas paramentações porque não há um lugar para que eles possam realizar a troca. Os verificadores de pressão e oxímetros, por exemplo, recebem apenas uma higienização rápida e são utilizados por diferentes pacientes – inclusive não contaminados”, afirmou.

Escalas suspeitas

A unidade costuma ter dois médicos para atender a todos os setores do hospital. Porém, estranhamente, o plantão de hoje está escalado com três médicos-cirurgiões, mas o HRBz não é uma unidade referência para a realização de cirurgias de urgência, não está atendendo de portas abertas para a demanda espontânea, e nem realizando intervenções eletivas.

Pediatria não separa contaminados de outras patologias

Segundo Dayse, “no pronto-socorro da pediatria, as crianças que estão internadas com coronavírus estão separadas das crianças com outras patologias apenas por um “biombo”, porém convivendo no mesmo ambiente, e sendo atendidas pela mesma equipe”.

Casos confirmados e em análise na mesma ala

A força-tarefa também constatou outro problema extremamente grave: os pacientes que estão com suspeita de contaminação pelo coronavírus dividem a mesma ala daqueles que já estão com a confirmação da infecção.

De acordo com Dayse, há inclusive casos de pessoas com suspeita de contaminação que permaneceram por dias na ala, tiveram resultado negativo para o coronavírus e agora vão seguir para a enfermaria geral.

“A paciente ficou cinco dias aguardando o resultado do PCR (teste) convivendo na mesma ala que os pacientes contaminados, e agora vai ser transferida. Se antes ela não estava contaminada, existe a possibilidade de que depois desse período a contaminação tenha acontecido, e uma pessoa que carrega o vírus vai ser levada para uma enfermaria com pessoas não contaminadas”, apontou.

Triste coincidência

Uma situação muito triste marcou o fim da visita de hoje no HRBz. Uma paciente de 41 anos, moradora da cidade, procurava atendimento pela rede desde a última segunda-feira – passando inclusive pelo hospital, e só hoje conseguiu vaga em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). No entanto, a paciente está com 70% dos pulmões comprometidos e em estado grave.

Ao fim de cada visita, a Ação Conjunta Covid-19 fará um relatório detalhando a situação encontrada em cada unidade, encaminhando para os órgãos competentes e apontando as recomendações que devem ser seguidas pela instituição.