Na manhã de ontem (14), a presidente do SindEnfermeiro-DF, Dayse Amarílio, participou do programa “Todos Pelo DF”, da Rádio Atividade FM, para debater sobre as medidas de isolamento tomadas pelo governo do DF, o colapso na saúde e o aumento expressivo dos casos de Covid-19 nos últimos dias.
A edição, apresentada por Izalci Lucas (PSDB-DF) – que também é senador da República, contou ainda com a participação do presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg Fialho, e o Major Michello Bueno, assessor de imprensa da Polícia Militar do DF.
Durante o programa, Dayse apontou a falta de iniciativa do GDF em tomar as medidas necessárias para resguardar a vida da população, e que só o fez quando a situação nas unidades de saúde se tornou quase insustentável.
“Infelizmente as coisas estão piores que na primeira onda. O que está acontecendo é preocupante e muito grave, e a questão vai além da incompetência. É ter a consciência de que as medidas poderiam ter sido tomadas com mais antecedência e planejamento, e isso não foi feito. Agora, quem paga o preço são os trabalhadores da saúde e a população do DF”, disse.
Ela lembrou ainda que nos últimos anos, o Brasil já vem sofrendo com o subfinanciamento da saúde, e que o caos provocado pela pandemia tornou esse problema ainda mais visível aos olhos da sociedade.
“O que temos no momento é um reflexo de todas as ações que não foram tomadas lá atrás, e a questão da pandemia só evidenciou um cenário que já vem de muito tempo, porque os hospitais já sofrem com a falta de leitos e o sucateamento há anos”, afirmou.
Recado para a população
Dayse fez um alerta para a população do DF, no sentido de que muitas pessoas ainda desconhecem a gravidade do problema, e que a onda de informações desencontradas tem dificultado ainda mais o combate ao vírus.
“É preciso quebrar alguns mitos junto à população, porque as informações não chegam para elas como deveriam. Aqui no DF, o que dá pra perceber é que muitas pessoas ainda negam a gravidade da situação, até por desconhecimento. Mas temos quatro novas cepas do vírus que já estão circulando em todo o país, e a reinfecção já é uma realidade comprovada”.
Ela lembrou ainda que as novas variantes estão vitimando – inclusive com sequelas – pessoas cada vez mais jovens, e sem comorbidades – e que ainda não há como saber como os problemas decorrentes da infecção podem ser agravantes em longo prazo.
Além disso, “ainda existe a demanda de pessoas não infectadas que procuram atendimento emergencial por motivos considerados comuns, o que sobrecarrega ainda mais a já saturada rede de saúde”, apontou Dayse.
Desabafo
A presidente do SindEnfermeiro fez um apelo para o chamamento de mais profissionais, lembrando que mesmo com as últimas nomeações, o déficit ainda é muito grande.
“Secretaria de Saúde, chamem os concursados. Apesar dos últimos 64 profissionais que foram admitidos, ainda é muito aquém do que a gente precisa, o nosso dimensionamento está muito ruim. Então, que venha essa força de trabalho o quanto antes, por que nós precisamos de socorro e de novos combatentes”, afirmou.
E por fim, Dayse lembrou, em tom emocionado, as dificuldades históricas que a enfermagem já sofria antes da pandemia e as inúmeras pautas em prol da categoria que se encontram paradas há décadas.
“Eu tenho muita vontade de abraçar cada enfermeiro, porque eu sei o quanto está sendo difícil. Queria falar sobre o quanto a enfermagem é negligenciada, e sobre as dificuldades que enfrentamos para aprovar nossas pautas no Congresso. Não queria estar aqui falando sobre questões trabalhistas, pois somos a ciência do cuidar e fazemos isso com todo o comprometimento. Nós temos que brigar pelas 30 horas, que está parada há vinte anos, brigar até por um piso digno. Tem enfermeiro ganhando dois mil reais, técnico ganhando um salário mínimo, trabalhando 24 horas com pacientes, dando nossas vidas e abandonando nossas famílias […] A enfermagem não tem lugar nem pra dormir! Não sei o que acontece no Distrito Federal, mas as nossas pautas não andam, fizemos ações como a regulamentação da insalubridade máxima, que virou lei e até hoje não conseguimos receber até hoje esses valores. É difícil falar nisso agora, mas é um momento em que a gente precisa de muito mais que palmas, precisamos ser valorizados”, finalizou.
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