A assistência prestada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Distrito Federal tem papel fundamental para a população das regiões onde se localizam. Nas UBSs, milhares de pessoas realizam diversos procedimentos todos os dias, e são assistidos por equipes multidisciplinares que, divididas por região, conseguem atender de forma mais próxima à comunidade.
No entanto, a pandemia do coronavírus trouxe a necessidade do isolamento social, e muitas pessoas que realizavam seus acompanhamentos nas unidades passaram a viver com o medo da contaminação ao ter que se deslocar para buscar solicitações de exames, fazer reavaliações ou trocar receitas, por exemplo.
E foi pensando numa maneira de desburocratizar esses procedimentos simples que duas estudantes de enfermagem da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), Dhyellica Rodrigues e Renata Fernandes, mapearam os usuários do grupo de risco, especialmente os hipertensos e diabéticos da equipe cinza da UBS 1, de Vicente Pires, e iniciaram os atendimentos por meio da teleconsulta – realizada por meio de videochamada.
Dhyellica afirma que a ideia das consultas por telechamada surgiu visando o acompanhamento de pacientes que, antes da pandemia, realizavam consultas e outros procedimentos na UBS, e que agora se veem impossibilitados de continuar com a assistência.
“Nossa preceptora (Juliana Soares, enfermeira da unidade) trouxe essa demanda sobre pacientes que realizavam o acompanhamento na UBS, mas que devido à pandemia, se afastaram do serviço de saúde. Ela explicou que os receituários destes pacientes estavam próximos a vencer e ressaltou a importância do acompanhamento para minimizar riscos de complicações decorrentes de doenças crônicas. Foi quando uma de nossas docentes nos instigou a ler a resolução do COFEN (634/2020) sobre teleatendimento”, afirmou.
A estudante ressalta, ainda, que a iniciativa permitiu maior agilidade e segurança tanto para a equipe da unidade, quanto para os pacientes que não precisarão se deslocar para realizar o acompanhamento.
Oportunidade de qualificação
Tanto Dhyellica como Renata enfatizaram a importância da experiência na formação de suas futuras carreiras, apontando ainda para a necessidade de utilizar a tecnologia em benefício da assistência aos pacientes.
“Como futuras enfermeiras, estaremos diante de situações incomuns – como a pandemia do coronavírus. Por isso, é necessário agirmos a partir das demandas identificadas no contexto da saúde, de forma a garantir maior segurança ao usuário e aos profissionais que atuam na linha de frente contra a Covid-19. Além disso, vivemos num mundo globalizado, e devemos nos adequar às ferramentas disponíveis, sempre com o objetivo de desburocratizar e ampliar o acesso dos usuários”, afirmam em resposta conjunta.
“Quem ganha com isso é a população”
Para o gestor da UBS 1, Sérgio Lima Gonçalves, a iniciativa é uma via de mão dupla, pois facilita a vida não apenas da população que precisa do atendimento, como para os estudantes e profissionais, que ganham mais uma oportunidade para se qualificar.
“O benefício é mútuo. Tanto para os estudantes, que precisam de uma qualificação maior para desempenhar suas atividades, como para os trabalhadores – que não recebem cursos de qualificação por parte da Secretaria de Saúde há muitos anos – e tem essa oportunidade de, durante uma pandemia, estar aprendendo junto com os estudantes. Quem ganha com isso é a população”, afirmou.
Sérgio, que também é diretor do SindEnfermeiro, ressaltou ainda a importância da iniciativa no sentido de permitir uma qualificação maior dos estudantes, facilitando a integração com as rotinas da profissão.
“Além de darmos a oportunidade de qualificar os nossos estudantes, dar a eles essa responsabilidade faz com que possam se sentir parte da equipe da UBS, e essa integração faz com que possamos oferecer uma assistência cada vez melhor”, finalizou.
Com informações da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
