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Opinião – A situação caótica da Atenção Primária no Distrito Federal

Publicada em 12 de novembro de 2019

 

 

 

Por: Joge Henrique

O Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF), durante o mês de outubro, realizou visitas às Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Ceilândia e de Brazlândia, pertencentes à Região de Saúde Oeste. As visitas às UBSs têm como objetivo realizar o diagnóstico situacional da atenção primária do DF, após a implementação do “Converte” – conjunto de portarias aprovadas em 2017 pelo Governo Rollemberg, que tinha o objetivo de reestruturar o modelo de atenção primária desenvolvido no âmbito do DF, com foco na Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Durante as visitas, o Sindicato averiguou que as equipes de ESF sofrem com a falta de infraestrutura, com espaço físico inadequado para a realização de atividades, falta de insumos, um sistema informatizado deficiente, falta de equipamentos e falta de segurança para os servidores. A grande maioria das unidades necessita de reformas e novas construções. Além disso, muitas equipes precisam compartilhar uma mesma sala para realizar consultas e outras atividades, e algumas sequer possuem salas de medicação, de curativo e de classificação de risco.

A falta de profissionais como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários, combinada com o atendimento da demanda espontânea da população que procura as unidades, têm influenciado sobremaneira as práticas da Atenção Primária, pois, como as UPAs e hospitais não conseguem resolver os problemas que são de competência da assistência de média e alta complexidade, as UBSs viraram centros de referência em serviços de pronto atendimento.

Além disso, as equipes ficam responsáveis por um contingente populacional muito superior ao que é preconizado pela Política Nacional da Atenção Básica e pelo Programa Estratégia Saúde da Família, sobrecarregando profissionais e elevando o índice de absenteísmo. O aumento dos problemas físicos e psíquicos dos profissionais da Atenção Primária é uma realidade dentro das unidades da SES-DF e afeta a oferta de atendimento à população.

Essa realidade inviabiliza o desenvolvimento das práticas da ESF, fortalecendo o modelo ultrapassado de se fazer a Atenção Primária, focado somente na clínica, perpetuando, assim, as práticas de saúde baseadas na medicalização e na realização de exames e procedimentos caros, os quais não resolvem os problemas de saúde da população.

A Região Oeste de Saúde possui uma das maiores populações do DF e uma das mais vulneráveis, carecendo de serviços que garantam atendimento dos pacientes. Por isso, é preciso que o Governo invista na construção de novas unidades, em infraestrutura, na ampliação da cobertura da Estratégia de Saúde da Família e na nomeação de novos profissionais.