Cruzes, velas e balões marcaram o ato organizado pelo Fórum Nacional da Enfermagem – composto por sete representações da enfermagem – em parceria com o SindEnfermeiro-DF em memória dos colegas que foram vítimas do novo coronavírus. Cerca de 60 profissionais da enfermagem vestidos de branco participaram da homenagem que aconteceu na Esplanada dos Ministérios.
Além de relembrar as vítimas, o ato queria chamar atenção para a valorização da categoria e para a aprovação do Projeto de Lei 2564/2020 – que estipula o piso salarial nacional para a enfermagem e regulamenta a jornada de trabalho de 30 horas semanais.
Necessidade de fortalecer a luta
Segundo Solange Caetano, coordenadora parlamentar do Fórum, a ideia do ato nasceu da necessidade de fortalecer as lutas em prol das condições de trabalho, da regulamentação da jornada de 30 horas e do piso salarial para enfermagem.
“A sociedade precisa saber da importância que é preservar a saúde dos profissionais da enfermagem. A intenção da manifestação foi chamar a atenção da sociedade e principalmente dos parlamentares – senadores e deputados – para as lutas da enfermagem”, destacou Solange.
Participação parlamentar
A deputada federal Vivi Reis (PSol-PA) esteve presente durante o ato destacou a importância da movimentação feita pelos trabalhadores. “Os parlamentares não irão votar – o projeto – se não houver pressão popular. As poucas conquistas que acontecem no Congresso são frutos de movimentações populares. A enfermagem está de parabéns porque vem se organizando”, afirmou a parlamentar.
“A pandemia negritou de valorizar os profissionais da enfermagem. Eles não são heróis e não merecem só palmas, mas sim uma verdadeira valorização. E essa valorização precisa ser concreta. Para ser concreta, ela precisa do piso salarial e das 30 horas”, finalizou a deputada.
Além da comemoração…
O dia 20 de maio é conhecido como Dia do Técnico e do Auxiliar de Enfermagem, e encerra a semana da enfermagem. A escolha da data não foi por acaso. A enfermeira em formação e representante da Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem, Camila Marçal, externou o sentimento de muitos participantes do ato.
“Nós temos a Semana da Enfermagem não como um período de comemoração, mas todos os nossos espaços são espaços de luta. Agora, desde o início da pandemia, mais ainda! Nós somos o país em que mais morreram enfermeiros no mundo e o sentimento é de tristeza e muita revolta. A minha avó era auxiliar de enfermagem. Tenho 24 anos e a luta é mais velha do que eu”, pontuou Camila.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde (CNTS), Valdirlei Castagna, o ato dessa quinta-feira foi cheio de significados. “Se o governo quiser proteger os trabalhadores da enfermagem, ele precisa de fato garantir condições adequadas de trabalho, salários dignos e justos”, destacou.
Os senadores querem, a enfermagem merece e o país precisa
A presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, foi uma das organizadoras da homenagem. Dayse chamou a atenção para o número de vítimas e para a movimentação que precisa ser feita pela categoria. “Fiquei muito emocionada em ver o número de cruzes – que representava o número de trabalhadores mortos” pontuou Dayse.
“No momento não podemos ‘metabolizar’ nossa tristeza e sim tirarmos força e lutar. A luta precisa ser movida por essa revolta que nós temos por tantos anos de negligência. Essa revolta precisa ser transformada em ação. Nossa missão é fazer com que o PL 2564 entre na pauta do Senado, vá para a Câmara e seja aprovado pelo presidente. Os senadores querem, a enfermagem merece e o país precisa”, completou Dayse.