A Ação Conjunta Covid-19 esteve hoje (09) no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), para averiguar de perto as condições oferecidas pela unidade para o atendimento à população, bem como a disponibilidade de leitos, insumos para os profissionais e organização dos fluxos de atendimento.
Participaram da visita a presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, o secretário-geral Jorge Henrique, além de representantes da OAB-DF, CLDF e outras entidades. A fiscalização esteve em diversas alas do hospital, especialmente as áreas destinadas aos pacientes contaminados pelo coronavírus.
Foi constatado que a unidade está enfrentando um grave problema no que diz respeito à separação entre pacientes de ambulatório e aqueles que apresentam sintomas do coronavírus – o que pode gerar uma explosão no número de casos dentro da unidade, inclusive entre servidores que não têm contato direto com o vírus.
Outro ponto destacado durante a visita foi o dimensionamento dos profissionais, visto que a unidade não possui servidores suficientes para cobrir a alta demanda por atendimento. De acordo com Dayse, “só na emergência vimos 81 pacientes, sendo que seis deles estão entubados e sob o cuidado de apenas dois enfermeiros, 11 técnicos e dois médicos”, afirmou.
A presidente do SindEnfermeiro aponta ainda que as medidas de isolamento precisam ser seguidas à risca nesse momento de calamidade, e que o governo local fiscalize de fato o cumprimento das medidas – como única forma de reduzir o avanço do vírus.
“Nós não vemos outra alternativa no momento que não seja a adoção de um lockdown de fato associado a planejamento responsável e medidas como vacinação, rastreamento, isolamento dos casos confirmados, testagem em massa, aumento da frota no transporte público, auxilio emergencial para a população carente, acessibilidade de empréstimo para pequenas e médias empresas, estabilidade no emprego e coibir de fato aglomerações e atividades desnecessárias”, completou.
Dayse também destacou a dificuldade que apresentada pela Secretaria de Saúde no que diz respeito à autonomia da Pasta. “A SES não tem autonomia para estabelecimentos de fluxos e compras de insumos. Estamos em estado de emergência, diante disso, é preciso que o governador faça alguma coisa”, finalizou.
Falta de infraestrutura e insumos
Durante a visita, também foi constatado que o hospital está com os contratos referentes à manutenção dos aparelhos de ar condicionado atrasados em seis meses, a compra de insumos como luvas estão paradas, e as máscaras do tipo N95 fornecidas aos trabalhadores não possuem a qualidade e segurança necessárias ao seu uso dentro da unidade.
Muitos pacientes foram vistos sentados em corredores, realizando o procedimento de oxigenoterapia ali mesmo, de acordo com o secretário-geral do sindicato, Jorge Henrique. Segundo ele, “a situação pressiona ainda mais os trabalhadores para que sejam disponibilizados mais leitos de UTI, o que nem sempre é possível”, apontou.
Por fim, Jorge relembra que, no início da pandemia, o HRAN foi considerado pela gestão hospital referência no tratamento contra o coronavírus, e assim perdurou durante todo o ano de 2020. No entanto, com a redução dos leitos de UTI, a unidade não tem mais atuado com esse papel.
“Nós pedimos para a atual gestão que olhe para o HRAN como hospital referência no tratamento contra a Covid, assim como foi no ano passado, para que ele possa ter condições de garantir uma boa assistência para a população”, finalizou.